sábado, 21 de maio de 2011

"PREVENÇÃO DE HIV NA SAÚDE MENTAL"

Desenvolvido como estratégia de prevenção do HIV para pacientes de saúde mental, o Projeto Interdisciplinar em Sexualidade, Saúde Mental e Aids (Prissma) foi adaptado para atender à realidade brasileira. Em sessão científica realizada na ENSP, Carlos Linhares, aluno de doutorado do Programa de Epidemiologia em Saúde da Escola, falou sobre a metodologia utilizada para a confecção do Projeto e, principalmente, sobre a importância de um estudo, nunca antes feito, voltado para essa população.

O Projeto Prissma surgiu do interesse de dois pesquisadores, Milton Wainberg, da Universidade de Columbia, em Nova York (EUA), e Paulo Mattos, médico do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que visavam, por meio de uma parceria interinstitucional, a elaboração de uma estratégia de prevenção de HIV para os pacientes de saúde mental.

"De acordo com pesquisas anteriores, pacientes psiquiátricos pareciam estar em maior vulnerabilidade para algumas infecções sexualmente transmissíveis. A partir disso, houve a necessidade de um estudo, inexistente até então, que pudesse oferecer um panorama da situação real e os riscos para exposição ao HIV dessa população no Brasil", comentou Carlos Linhares.

A primeira etapa do projeto consistiu no desenho da pesquisa. Em seguida, na fase formativa, foi realizado um estudo qualitativo utilizando técnicas etnográficas, como grupos focais, entrevistas e observações, a fim de obter informações, além de interagir com pacientes, para assim traçar um mapa cognitivo de lugares e de pessoas. A última fase foi a de testes com os pacientes.

A última fase do projeto, conduzida dentro do Instituto de Psiquiatria, aconteceu por meio de participação voluntária dos pacientes. O estudo era anunciado em equipes clínicas ou por cartazes e flyers, e os próprios pacientes buscavam os grupos de recrutamento localizados no IPUB. Primeiro, passavam por uma avaliação para saber se cumpriam os critérios de inclusão, para só assim prosseguirem no estudo e passar pela intervenção.

Segundo o pesquisador Carlos Linhares, apesar de a intervenção brasileira ter sido adaptada a partir de uma série de intervenções norte-americanas testadas e consideradas eficazes, o modelo teórico que serviu como referência para a confecção dessa intervenção é baseado na entrevista motivacional, denominado IMB (Informação, Motivação e Behavioral Skills) e caracterizado pela integração entre esses três elementos, que garantiria o sucesso da proposta. "Além desse modelo teórico e das informações já existentes de outros projetos, com os resultados da pesquisa etnográfica, foi possível elaborar uma intervenção com o 'tempero' brasileiro, desenhada especificamente para os pacientes psiquiátricos do país", ressaltou o pesquisador.

Sobre as dificuldades enfrentadas para a realização do Projeto Prissma, Carlos Linhares destacou os resultados que seriam apresentados aos pacientes. "As dificuldades foram muitas, mas nada que nos impedisse de concluir a etapa com relativo êxito. Na verdade, o maior desafio foi conseguir atender às demandas e expectativas dos pacientes, para os quais o projeto estava sendo desenvolvido."

Para Carlos, "apesar de já ter sido testada a viabilidade da intervenção do ponto de vista da aceitação dos pacientes psiquiátricos, espera-se que, efetivamente, ela proporcione a redução do comportamento sexual de risco dessa população", concluiu.

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