O Centro de Saúde Ingleses é responsável pelo atendimento de 20 mil pessoas, possui cinco equipes de Saúde da Família e duas odontológicas, com apoio à nutrição, psicologia, psiquiatria, educação física, serviço social, pedagogia, geriatria e farmacêutico. Após apresentar a estrutura do centro, Paulo expressou o pensamento de alguns profissionais de saúde, que acreditam serem eles essenciais para geração de saúde. "Um grande número de profissionais considera que as pessoas são dependentes dos serviços de saúde para viverem com qualidade. Discordo! Os determinantes sociais da saúde demonstram que a maioria das situações que promove saúde está fora do próprio setor." O médico admitiu que a Estratégia Saúde da Família tem foco na prevenção e promoção, mas reforçou a ideia de que um modelo forte de atenção primária em saúde possui um médico e um enfermeiro como base, devendo oferecer acesso, acompanhamento das pessoas, coordenar o cuidado e 'não perder de vista' o paciente em outras instâncias. "Nós que trabalhamos nos serviços de saúde, ao acompanharmos um determinado grupo de pessoas, precisamos atender às suas demandas. A organização da APS deve lidar com os principais problemas de saúde que os usuários nos trazem. Os problemas de saúde deveriam ser o guia na formação dos estudantes da área. Se levarmos em consideração só a ideia de promoção e prevenção, fazemos mais como cidadão do que como profissional de saúde". Na opinião do palestrante, algumas políticas de saúde adotadas pelo país interferem na integralidade do sistema. "A saúde no Brasil é focada em programas. Temos o da mulher, do idoso, das crianças, do hipertenso. Fatiamos as pessoas ao atendê-las. Isso é integralidade? Acredito que devemos atender seres humanos". Por fim, mencionou as políticas de comunicação com os usuários do Centro de Saúde feitas por e-mails, programas de conversação instantânea, marcação de consultas por telefone e apresentou o cartão de visitas do Centro de Ingleses, sendo ele o primeiro cartão de uma Equipe de Saúde da Família.
A debatedora Sandra Arôca afirmou que não se pode falar em matriciamento sem enfocar aspectos da Reforma Sanitária e as diretrizes do SUS. Para ela, ações matriciais buscam o equilíbrio entre a gestão clínica e o cuidado centrado na pessoa. "Expandir o matriciamento é um desafio para a gestão no Rio de Janeiro. Trata-se de uma ferramenta de acesso à integralidade do sistema."
O modelo de gestão do Centro de Saúde da Praia dos Ingleses, em Florianópolis, Santa Catarina, foi apresentado pelo médico de família e comunidade Paulo Poli Neto em mais uma atividade do Ciclo de Debates - Conversando sobre a Estratégia Saúde da Família, na quinta-feira (12/5), na ENSP. O médico reforçou a importância do papel dos enfermeiros no cuidado à saúde, criticou os que reduzem a atenção primária em saúde (APS), a promoção e a prevenção e enfatizou: "O compromisso da APS deve ser com os problemas de saúde trazidos pelos usuários que acompanhamos." A debatedora da mesa foi a psicóloga Sandra Arôca, da SMSDC/RJ, que abordou o matriciamento como ferramenta de acesso à integralidade do sistema.
Filipe Leonel Informe Ensp
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