Enquanto o país ainda não conta com regras específicas para a destinação e reutilização do lixo eletrônico, o Ministério do Meio Ambiente aproveitou a participação no 4º Congresso Internacional de Software Livre e Governo Eletrônico (Consegi) para incitar órgãos da administração pública a se preocuparem com os resíduos eletroeletrônicos.
"A administração pública é a principal consumidora de equipamentos do país, respondendo sozinha por 17% do total. O que nós utilizamos pode e deve retornar à cadeia produtiva", destacou o coordenador da Agenda Ambiental da Administração Pública (A3P) no Ministério do Meio Ambiente, Geraldo de Abreu.
No momento, cinco grupos discutem regras específicas para o descarte de resíduos - eletroeletrônicos, remédios, embalagens, óleos e lubrificantes e lâmpadas. O objetivo é que até o próximo ano seja definido o sistema de logística reversa desses setores.
"Atualmente reciclamos 13% dos resíduos e nossa perspectiva é de que com a logística reversa esse percentual passe, pelo menos, para 30%, o que em si já representaria uma economia de R$ 8 bilhões por ano", completou Abreu.
No debate também foi ressaltada a importância da utilização dos instrumentos voltados à TI Verde nas compras públicas, que já existem em instruções emitidas pela Secretaria de Logística e TI do Ministério do Planejamento.
"Já existem mecanismos, como a ISO 14001, ou os selos WeeRohs e EnergyStar. É importante que isso seja levado em consideração na hora das licitações para que sejam adquiridos equipamentos com menos substâncias tóxicas ou que utilizem menos energia em sua fabricação", destacou o professor Mauro Bernardes, do Centro de Computação Eletrônica da USP.
A adoção da logística reversa e da TI Verde é especialmente importante no Brasil, que foi considerado em estudo das Nações Unidas como o país emergente com maior produção per capita de resíduos eletrônicos - 0,5 kg por pessoa por ano.
Fonte: Convergência Digital
ONU: Brasil tem maior produção per capita de lixo eletrônico e baixa prioridade da indústria e governos.
Seguido do México e da China (0.4 kg/cap·ano), o Brasil (0.5 kg/cap.ano) é o maior produtor per capita de resíduos eletrônicos entre os países emergentes, segundo o mais recente estudo da ONU sobre o tema. O Brasil também foi cotado como campeão em outro quesito: faltam dados e estudos sobre a situação da produção, reaproveitamento e reciclagem de eletrônicos: China, Índia, Argentina, Chile, Colômbia, Marrocos, África do Sul e até mesmo o México realizam e centralizam mais informações sobre a gestão de resíduos eletrônicos em seus países que nós, parafraseando um famoso jornalista, isso é vergonhoso! A falta de uma lei nacional sobre resíduos eletrônicos é vista como um dos principais obstáculos para uma gestão eficiente do lixo eletrônico no país, reforçando nossos argumentos do Manifesto do Lixo Eletrônico. Entre outros aspectos analisados, o extenso estudo procurou identificar os principais problemas e oportunidades na gestão pública e industrial do lixo eletrônico, como o parque industrial de reciclagem, mercado informal, investimentos em inovação e transferência de tecnologia.
Nas conclusões sobre nosso país, o estudo afirma claramente que "... os resíduos eletrônicos não parecem ser uma prioridade para as associações federais representativas da indústria eletrônica...". A corresponte associação brasileira da indústria eletrônica é a ABINEE (Associação Brasileira da Indústria Eletro-Eletrônica) que ainda não divulgou nenhum comunicado sobre a "bronca" documentada que levou no estudo ONU em seu site. O Brasil é classificado juntamente com África do Sul, México entre outros no GRUPO C, ou seja, países com bom potencial para adaptar modelos mais sustentáveis na pré-fabricação de eletrônicos, alguns processos no final de ciclo de vida, se forem realizados investimentos em mudanças tecnológicas e trocas de conhecimentos e inovação, além de integração comercial regional.
O potencial industrial de reciclagem de eletrônicos em seus ciclos finais de vida é insuficiente para a demanda própria de produção desses resíduos em quase todos os países emergentes, segundo o estudo, somente grandes economias emergentes como Brasil, China, Índia, México e África do Sul poderiam integrar diversas indústrias, de recicladoras de metais ferrosos às de plásticos e tóxicos, a nível regional. Especificamente na América do Sul, o Brasil, seguido do Chile, são os que apresentam melhores condições de integrar um parque industrial de reciclagem de eletrônicos. Uma das principais oportunidades econômicas é a integração da indústria do aço no ciclo da reciclagem de eletrônicos, tendo o Brasil um potencial destacado nesse cenário, uma vez que é o maior produtor de aço do mundo, e um dos maiores de resíduos eletrônicos em números absolutos, além da possibilidade da comercionalização regional com países vizinhos. Segundo pesquisas anteriores citadas no estudo, 36% do aço produzido no mundo é feito a partir de resíduos do "ferro-velho".
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