quarta-feira, 18 de julho de 2012

"IMPORTANTÍSSIMO - ESTUDO SOBRE DENGUE DURANTE A GESTAÇÃO"

Um estudo epidemiológico buscando explorar a distribuição de efeitos reprodutivos na Região Sudeste do Brasil em decorrência da infecção por dengue durante a gestação, no período compreendido entre 2001 e 2005, foi o tema da dissertação de mestrado em Saúde Pública e Meio Ambiente da ENSP Os efeitos da infecção pelo vírus da dengue na gestação, de Anne Karin Madureira da Mota, apresentada em abril de 2012. O trabalho resultou em um artigo em parceria com o pesquisador da Escola Sergio Koifman, com o doutorando da ENSP Adalberto Luiz Miranda Filho e com a representante da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro Valéria Saraceni. Entre os resultados, Anne Karin ressalta que 'a ocorrência da infecção durante a gravidez pode impactar negativamente sua evolução, com repercussões para a mortalidade materna'.

O trabalho envolveu 154 municípios que no censo do ano 2000 apresentaram população superior a 80 mil habitantes. As variáveis de estudo consistiram nas taxas de incidência de dengue em mulheres de 15 a 39 anos e nas taxas de mortalidade materna, fetal, perinatal, neonatal, neonatal precoce e infantil. Segundo os autores, tais dados foram obtidos por meio de consulta ao Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), ao Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) e ao Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan). Já os dados populacionais foram obtidos mediante estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Após a análise dos dados nos cinco anos compreendidos no estudo, verificou-se que ocorreram 146.332 casos de dengue em mulheres de 15 a 39 anos nesses municípios, sendo que os casos notificados de doença aumentaram 246% entre 2001 e 2002, período em que o Brasil foi marcado por uma das maiores epidemias de dengue. Após esse ano, os casos da doença foram consideravelmente reduzidos, passando para 3.782 em 2005, na faixa etária em questão.
Os autores revelam que "o trabalho encontrou uma forte correlação positiva entre as medianas das taxas de incidência de dengue em mulheres de 15 a 39 anos e as medianas das taxas de mortalidade materna em municípios da Região Sudeste. Tal resultado indica que, no nível ecológico, o aumento de ambas as variáveis apresenta a mesma direcionalidade nos municípios correspondentes". Explicam, ainda, que por se tratar de estudo ecológico, tais achados podem não ser observados no nível individual.
No entanto, quando a unidade de análise é o indivíduo, a ocorrência de óbito materno tem sido influenciada por meio da infecção pelo vírus da dengue durante a gestação, sendo associado à dengue grave. "A dengue durante a gestação também tem sido apontada como possível causa de óbito fetal/perinatal, principalmente na vigência de doença grave e/ou da ocorrência da infecção no primeiro trimestre da gestação. A patogênese que leva ao óbito fetal/perinatal é desconhecida", afirmam. Entretanto, os fatores relacionados com a dificuldade de acesso, a baixa qualidade do atendimento e a falta de ações de capacitação de profissionais de saúde voltadas para os riscos específicos aos quais as gestantes estão expostas devem ser consideradas como importantes definidores do padrão da mortalidade materna nos municípios.
Levando em conta as ressalvas apresentadas na interpretação dos resultados, é necessário que as autoridades de saúde ampliem o monitoramento das gestantes como grupo de risco de óbito, sobretudo nas epidemias de dengue. "Os resultados observados nessa investigação reforçam o conceito vigente de que a infecção pelo vírus da dengue durante a gestação pode acarretar riscos elevados de óbito materno, sendo necessário implementar medidas de vigilância epidemiológicas pertinentes na presença daquela infecção no subgrupo populacional considerado", concluem os autores.
O artigo foi publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da ENSP, volume 28, número 6, de junho de 2012.

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