O feriado prolongado vai começar sob a sombra dos números registrados nas estradas federais no último carnaval, quando 213 pessoas morreram, um aumento de 47,9% em relação ao mesmo feriado de 2010, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Na época, a coordenação da PRF atribuiu o alto número à falta de educação dos motoristas.
Para especialistas, além da condução responsável, outros dois elementos podem evitar acidentes: “A manutenção do carro, a pessoa que vai conduzir o veículo e a direção preventiva são os três fatores essenciais para uma viagem segura”, afirma César Urnhani, que dá aulas de pilotagem pela BMW. Cinco especialistas reúnem abaixo dicas para antes e durante o percurso.
ANTES DE PEGAR A ESTRADA
Situação do local de destino
Urnhani ressalta a importância de verificar a previsão do tempo no local de destino e as condições da estrada. “Isso já faz o motorista se lembrar da manutenção do carro. Se ele for enfrentar chuva ou neblina, ele sabe que vai ter que checar o limpador de pára-brisa, as lâmpadas e os pneus”, afirma.
- O que checar no veículo
Marcelo Alves, professor de engenharia mecânica da Poli, aponta a calibragem dos pneus, o nível de óleo do motor e do fluído de freios, a água do radiador, o funcionamento das lâmpadas e o estado e calibragem dos pneus como os principais itens que o motorista deve checar, ainda que o faça no posto de gasolina pouco antes de pegar a estrada.
Edson Esteves, professor do curso de Engenharia Mecânica Automobilística da Fundação Educacional Inaciana (FEI), lembra que carros com direção hidráulica têm óleo de direção e os automóveis automáticos precisam de óleo de transmissão, que também devem ser verificados antes das viagens.
- Calibragem
Levar o manual do veículo é tão importante quanto a bagagem, dizem os especialistas: ele informa, por exemplo, a calibragem correta dos pneus, de acordo com o peso do carro e a quantidade de passageiros. O engenheiro Nilton Monteiro, diretor-executivo da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), diz que, se o proprietário não tiver o manual, “a recomendação genérica é de 30 libras em cada um dos pneus”. Ainda em caso de ausência das orientações oficiais, ele recomenda acrescentar mais duas libras nos pneus traseiros, se o carro estiver muito cheio.
- O carro também ‘fala’
Segundo Esteves, da FEI, o veículo se ‘comunica’ com o motorista: “Se a pessoa está acostumada com o veículo e ele começar a fazer barulhos estranhos cuja origem ela não consegue identificar, o mecânico é a única solução”. Monteiro, da AEA, dá um exemplo: caso o motorista escute um assobio agudo ao frear, é sinal de que as pastilhas não estão boas.
- Carro alugado
Segundo Marcelo Alves, da Poli, é preciso cuidado também com carros alugados. “O motorista precisa checar os itens obrigatórios, verificar as luzes estão funcionando e dar uma olhada embaixo do carro para ver se há algum vazamento. Também nunca se deve alugar um carro com pneus carecas”, ensina.
- Cadeirinha
Desde setembro passado, é obrigatório transportar crianças até 7 anos e meio em cadeirinha ou dispositivo equivalente à idade/altura (bebê-conforto, assento de elevação) em veículos de passeio.
Carros que tenham somente cinto de segurança abdominal (de dois pontos) no banco de trás poderão transportar crianças de até 10 anos na frente, com a cadeirinha ou equipamento mais adequado à idade/altura, ou no banco de trás, sem assento de elevação, no caso das que tenham a partir de 4 anos. Veja mais dicas sobre o dispositivo ideal. A lei não se aplica para transporte coletivo e táxis.
NA ESTRADA
- Cinto de segurança
“Não seja simpático com os passageiros: só dê a partida quando todos estiverem com os cintos de segurança”, afirma Felício Félix, do Cesvi Brasil. Segundo ele, a responsabilidade sobre a segurança das pessoas que estão dentro do carro é de quem o dirige.
- Ultrapassagem
É comum nas estradas de mão dupla o motorista ficar muito próximo de um caminhão que está na sua frente e jogar o carro para a outra pista na tentativa de fazer uma ultrapassagem. “Isso está totalmente errado e prova que as pessoas não sabem como fazer uma ultrapassagem desse tipo”, afirma Urnhani, da BMW. Segundo o piloto, o ideal é se distanciar do veículo que está à frente.
Desta forma, o motorista amplia seu campo de visão, principalmente da pista contrária. “Ele também poderá acelerar na sua faixa por mais tempo, para ficar o mínimo possível na contramão e conseguir fazer a ultrapassagem”, explica. Urnhani lembra ainda que “não precisa acelerar com tudo e dar farol alto quando alguém estiver na sua frente na faixa da esquerda”.
Quando o motorista for utilizar essa faixa para fazer uma ultrapassagem, basta estar com o farol baixo ligado e fazer leves movimentos com o carro. De acordo com o piloto, o motorista que está à frente vai perceber os sinais pelo retrovisor.
Segundo o Código Nacional de Trânsito, é infração impossibilitar a ultrapassagem de alguém. “Às vezes o motorista faz isso achando que está certo porque não está acima da velocidade permitida de uma estrada”, lembra Urnhani. Dar seta para a direita o quanto antes é uma maneira de “acalmar” o motorista que vem atrás, ensina. “Isso já vai deixá-lo ciente de que vai ter sua passagem liberada”.
- Chuva e neblina
Segundo o tenente Moacir Mathias do Nascimento, porta-voz do policiamento rodoviário da Polícia Militar de São Paulo, "o motorista precisa diminuir a velocidade e manter o farol baixo ligado em situações de chuva, neblina e vento forte”.
Urnhani lembra que chuvas fortes podem formar grandes poças na estrada, gerando risco de aquaplanagem, quando o carro perde o contato com o solo. Segundo ele, nesse tipo de situação, o motorista precisa ficar atento ao carro da frente e verificar o rastro que o pneu deixa na água. “Caso essa marca feche muito rápido, é sinal de que a poça é profunda e ajuda o motorista a se preparar a avaliar se ele consegue ou não passar por ali.”
- Acostamento
O tenente Nascimento alerta que “o uso do acostamento é exclusivo para emergências, que podem ser do carro, do motorista ou de algum ocupante”. Também é permitido parar no acostamento para ajudar alguém. Mas parar nessa faixa sem necessidade, além de gerar multa, pode resultar em acidente.
Se houver necessidade de usar o acostamento, o policial aconselha o motorista a colocar o triângulo de sinalização a 20 metros do carro, no mínimo: “Isso faz com que o veículo que esteja na estrada consiga escapar com antecedência.” Urnhani ressalta que, uma vez no acostamento, o motorista e os ocupantes devem procurar algum lugar seguro para ficar. “Eles podem se proteger atrás de um guard-rail ou de alguma mureta de concreto”, indica.
Boa Viagem!
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