Luna D'Alama
Quem vê o caso do operário Eduardo Leite, de 24 anos, que sobreviveu sem sequelas após ser atingido no crânio por uma barra de ferro de dois metros de comprimento, enquanto trabalhava em uma obra na zona sul do Rio, na quarta-feira (15), pensa que se trata de um milagre. Mas a medicina explica o que aconteceu com o jovem, que não perdeu a consciência em nenhum momento.
Segundo o chefe do serviço de neurocirurgia do Hospital Municipal Miguel Couto, Ruy Monteiro, que operou o rapaz, o vergalhão ficou alojado na parte frontal do cérebro, entre a área que coordena o comportamento e as emoções e a região dos movimentos e da coordenação motora.
Caso o objeto estivesse 1 centímetro mais para trás, Eduardo poderia ter ficado com o lado esquerdo paralisado. Um pouco mais, e não mexeria os braços e as pernas. Também poderia haver perda da sensibilidade e da percepção de temperatura.
Além disso, se a barra tivesse entrado 1 centímetro para a direita, o operário teria perdido um olho. A sorte é que nenhuma estrutura importante de veias e artérias foi prejudicada.
"A ciência ainda não conhece claramente a função dessa área afetada, não é nítida. Mas não adianta fazer testes nessa fase, isso fica para a reabilitação. Se tiver alguma alteração percebida pela família que atrapalhe a vida do paciente, aí serão indicados exercícios específicos de neuropsicologia", detalha Monteiro.
Segundo o neurocirurgião Nilton Lara Junior, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, se fosse se manifestar alguma sequela grave, isso ocorreria imediatamente. Com o tempo, a tendência da situação cerebral é melhorar, e não piorar.
"Mas, como não existe nenhuma parte 'silenciosa' ou sem função no cérebro, esse rapaz precisa passar por umaavaliação posterior", reforça Lara Junior.
Entre as áreas do operário que podem ter sido comprometidas, o médico cita o raciocínio, a memória e a localização espacial ou temporal. Além disso, pode haver alterações na capacidade de controle das emoções, como demonstrações exacerbadas de sentimentos ou a redução de manifestações afetivas.
"Não é que a pessoa vai perder essa função, mas pode ficar pouco emotiva", diz o neurocirurgião.
Lara Junior compara o cérebro com outros órgãos do corpo e ressalta que, enquanto as células do fígado, por exemplo, fazem basicamente a mesma coisa, cada regiãocerebral tem uma ação específica, motivo pelo qual às vezes uma lesão muito pequena pode causar danos enormes. E também pode acontecer o contrário, como nesse caso.
Como foi a cirurgia
Eduardo foi atendido no local do acidente, teve a barra de ferro serrada (ficou com 1,2 m) e foi encaminhado para o Miguel Couto.
Ao chegar, passou por uma avaliação, foi estabilizado clinicamente e fez uma tomografia do cérebro, que mostrou com precisão onde o objeto estava alojado e como deveria ser feita a cirurgia, que acabou durando 5 horas.
Após a anestesia geral do paciente, a equipe médica limpou e escovou o vergalhão durante 25 minutos com uma solução de sabão e um antisséptico. Uma tampa do crânio foi aberta para visualizar o tamanho da lesão. Os cirurgiões aplicaram soro fisiológico para limpar a área e acabaram tirando o objeto por baixo, próximo ao nariz, para evitar um maior risco de contaminação.
"Esse foi o momento mais crítico, pois poderia haver alguma lesão vascular e hemorragia", lembra Monteiro
Pelas próximas duas semanas, Eduardo vai receber antibiótico na veia para prevenir infecções, já que a barra que entrou na cabeça dele estava suja. A internação também deve durar mais ou menos esse período, segundo o neurocirurgião.
"Agora, passadas mais de 48 horas da operação, o risco é menor. E, depois das primeiras 72 horas, é pouco provável que ele tenha inchaço no cérebro", diz Monteiro.
O médico conta que Eduardo já está lúcido e conversando normalmente. Assim como outros pacientes com esse tipo de trauma, ele vai precisar fazer um acompanhamento no local, mesmo após receber alta. Em geral, são seis meses.
"Mas, como não existe nenhuma parte 'silenciosa' ou sem função no cérebro, esse rapaz precisa passar por umaavaliação posterior", reforça Lara Junior.
Entre as áreas do operário que podem ter sido comprometidas, o médico cita o raciocínio, a memória e a localização espacial ou temporal. Além disso, pode haver alterações na capacidade de controle das emoções, como demonstrações exacerbadas de sentimentos ou a redução de manifestações afetivas.
"Não é que a pessoa vai perder essa função, mas pode ficar pouco emotiva", diz o neurocirurgião.
Lara Junior compara o cérebro com outros órgãos do corpo e ressalta que, enquanto as células do fígado, por exemplo, fazem basicamente a mesma coisa, cada regiãocerebral tem uma ação específica, motivo pelo qual às vezes uma lesão muito pequena pode causar danos enormes. E também pode acontecer o contrário, como nesse caso.
Como foi a cirurgia
Eduardo foi atendido no local do acidente, teve a barra de ferro serrada (ficou com 1,2 m) e foi encaminhado para o Miguel Couto.
Ao chegar, passou por uma avaliação, foi estabilizado clinicamente e fez uma tomografia do cérebro, que mostrou com precisão onde o objeto estava alojado e como deveria ser feita a cirurgia, que acabou durando 5 horas.
Após a anestesia geral do paciente, a equipe médica limpou e escovou o vergalhão durante 25 minutos com uma solução de sabão e um antisséptico. Uma tampa do crânio foi aberta para visualizar o tamanho da lesão. Os cirurgiões aplicaram soro fisiológico para limpar a área e acabaram tirando o objeto por baixo, próximo ao nariz, para evitar um maior risco de contaminação.
"Esse foi o momento mais crítico, pois poderia haver alguma lesão vascular e hemorragia", lembra Monteiro
Pelas próximas duas semanas, Eduardo vai receber antibiótico na veia para prevenir infecções, já que a barra que entrou na cabeça dele estava suja. A internação também deve durar mais ou menos esse período, segundo o neurocirurgião.
"Agora, passadas mais de 48 horas da operação, o risco é menor. E, depois das primeiras 72 horas, é pouco provável que ele tenha inchaço no cérebro", diz Monteiro.
O médico conta que Eduardo já está lúcido e conversando normalmente. Assim como outros pacientes com esse tipo de trauma, ele vai precisar fazer um acompanhamento no local, mesmo após receber alta. Em geral, são seis meses.
Fonte: G1
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