Mudanças na vacinação infantil
BRASÍLIA O Ministério da Saúde anunciou ontem mudanças no calendário básico de vacinações, com a introdução de duas novas vacinas na rede pública para crianças a partir do segundo semestre deste ano.
Uma vacina pentavalente dará imunidades contra cinco doenças
(difteria, tétano, coqueluche, influenza e hepatite B) numa única dose, em vez
das duas picadas administradas atualmente. Já o combate à poliomielite ganhará
a vacina injetável, que se alternará com a tradicional dose oral, popularizada
pelo Zé Gotinha.
A tendência é que a vacina injetável substitua completamente
no futuro a dose oral, que traz algum risco de contágio por usar vírus ativo de
baixa intensidade. O ministro Alexandre Padilha explicou que nos últimos vinte
anos houve 46 casos de paralisia flácida aguda associada à administração do
vírus oral vacinal (VOP), sendo dois deles no ano passado.
O risco era muito pequeno e agora será de zero com o novo
formato e a introdução do vírus inativado , disse ele. O ministro explicou que
a dose oral foi vital para o Brasil vencer o trauma da paralisia, que atingiu
milhares de brasileiros até a década de 1980. Até a descoberta da vacina,
conhecida como Sabin, o País registrava mais de 2 mil casos anuais de paralisia
infantil, que provocavam mortes ou danos irreversíveis nas crianças.
A dose oral não será logo extinta porque tem outras
vantagens: o poder mobilizador do Zé Gotinha e o chamado efeito rebanho da
vacina. Depois de expelido, o vírus fraco da vacina se combina com o selvagem
na natureza e reduz o risco de contágio na comunidade. Por isso, segundo o
ministro, as duas formas vão conviver até que a doença seja erradicada no
mundo, por recomendação da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
A poliomielite, que não ocorre no Brasil há 22 anos, ainda
existe em 25 países e em quatro deles de forma endêmica (Índia, Paquistão,
Nigéria e Afeganistão). Na prática, a picada a menos que as crianças terão com
a vacina pentavalente será compensada com a picada a mais da dose injetável
contra a pólio. Esta será administrada na criança aos dois e aos quatro meses
de idade, quando é maior o risco de contágio da dose oral. Na terceira dose,
aos seis meses, e na de reforço, aos 15 meses, o Zé Gotinha entra em cena.
O secretário de Vigilância da Saúde, Jarbas Barbosa,
explicou que até julho o calendário continua como está. Até lá o governo
cuidará da logística de distribuição das vacinas e do treinamento das equipes.
Em junho, a primeira etapa anual da campanha de vacinação será igual aos anos
anteriores.
Padilha ainda assinou ontem acordo com três grandes
instituições públicas (Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Butantan e Fundação
Ezequiel Dias, de Minas), para produção de três novas vacinas: contra HPV
(papilomavírus humano), causador de câncer do colo do útero, contra a hepatite
A e contra a varicela (catapora).
Fonte:
Portal COFEN
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