"PRECAUÇÃO PADRÃO"
A partir da epidemia de HIV/AIDS, do aparecimento de cepas de bactérias multirresistentes (como o Staphylococcus aureus resistente à meticilina, bacilos Gram negativos não fermentadores, Enterococcus sp. resistente à vancomicina), do ressurgimento da tuberculose na população mundial e do risco aumentado para a aquisição de microrganismos de transmissão sangüínea (hepatite viral B e C, por exemplo) entre os profissionais de saúde, as normas de biossegurança e isolamento ganharam atenção especial.
Para entender os mecanismos de disseminação de um microorganismo dentro de um hospital, é necessário que se conheça pelo menos três elementos: a fonte, o mecanismo de transmissão e o hospedeiro susceptível.
● FONTE:
As fontes ou reservatórios de microorganismos, geralmente, são os profissionais de saúde, pacientes, ocasionalmente visitantes, ou materiais e equipamentos infectados ou colonizados por microorganismos patogênicos.
● TRANSMISSAO:
A transmissão de microorganismos em hospitais pode se dar por diferentes vias.
● OS PRINCIPAIS MECANISMOS DE TRANSMISSÃO SÃO:
■ TRANSMISSÃO AÉREA POR GOTÍCULAS: Ocorre pela disseminação por gotículas maiores do que 5um. Podem ser geradas durante tosse, espirro, conversação ou realização de diversos procedimentos (broncoscopia, inalação, etc.). Por serem partículas pesadas e não permanecerem suspensas no ar, não são necessários sistemas especiais de circulação e purificação do ar. As precauções devem ser tomadas por aqueles que se aproximam a menos de 1 metro da fonte.
■ TRANSMISSÃO AÉREA POR AEROSSOL: Quando ocorre pela disseminação de partículas, cujo tamanho é de 5um ou menos. Tais partículas permanecem suspensasno ar por longos períodos e podem ser dispersas a longas distâncias. Medidas especiais para se impedir a recirculação do ar contaminado e para se alcançar a sua descontaminação são desejáveis. Consistem em exemplos os agentes de varicela, sarampo e tuberculose.
■ TRANSMISSÃO POR CONTATO: É o modo mais comum de transmissão de infecções hospitalares. Envolve o contato direto (pessoa-pessoa) ou indireto (objetos contaminados, superfícies ambientais, itens de uso do paciente, roupas, etc.) promovendo a transferência física de microorganismos epidemiologicamente importantes para um hospedeiro susceptível.
● HOSPEDEIRO:
Pacientes expostos a um mesmo agente patogênico podem desenvolver doença clínica ou simplesmente estabelecer uma relação comensal com o microorganismo,tornando-se pacientes colonizados.
Fatores como idade, doença de base, uso de corticosteróides, antimicrobianos ou drogas imunossupressoras e procedimentos cirúrgicos ou invasivos podem tornar os pacientes mais susceptíveis às infecções.
► PRECAUÇÃO PADRÃO
São um conjunto de medidas utilizadas para diminuir os riscos de transmissão de microorganismos nos hospitais e constituem-se basicamente em:
1. LAVAGEM DAS MAOS:
* Após realização de procedimentos que envolvem presença de sangue, fluidos corpóreos, secreções, excreções e itens contaminados.
* Após a retirada das luvas.
* Antes e após contato com paciente e entre um e outro procedimento ou em ocasiões onde existe risco de transferência de patógenos para pacientes ou ambiente.
* Entre procedimentos no mesmo paciente quando houver risco de infecção cruzada de diferentes sítios anatômicos.
OBS: O uso de sabão comum líquido é suficiente para lavagem de rotina das mãos, exceto em situações especiais definidas pelas Comissões de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH (como nos surtos ou em infecções hiperendêmicas).
2. LUVAS:
♦ Usar luvas limpas, não estéreis, quando existir possibilidade de contato com sangue, fluidos corpóreos, secreções e excreções, membranas mucosas, pele não íntegra e qualquer item contaminado.
♦ Mudar de luvas entre duas tarefas e entre procedimentos no mesmo paciente.
♦ Retirar e descartar as luvas depois do uso, entre um paciente e outro e antes de tocar itens não contaminados e superfícies ambientais. A lavagem das mãos após a retirada das luvas é obrigatória.
3. MASCARA, PROTETOR DE OLHOS, PROTETOR DE FACE:
- É necessário em situações nas quais possam ocorrer respingos e espirros de sangue ou secreções nos funcionários.
4. AVENTAL:
● Usar avental limpo, não estéril, para proteger roupas e superfícies corporais sempre que houver possibilidade de ocorrer contaminação por líquidos corporais e sangue.
● Escolher o avental apropriado para atividade e a quantidade de fluido ou sangue encontrado.
● A retirada do avental deve ser feita o mais breve possível com posterior lavagem das mãos.
5. EQUIPAMENTOS DE CUIDADOS AO PACIENTE:
■ Devem ser manuseados com proteção se sujos de sangue ou fluidos corpóreos, secreções e excreções e sua reutilização em outros pacientes deve ser precedida de limpeza e ou desinfecção.
■ Assegurar-se que os itens de uso único sejam descartados em local apropriado.
6. CONTROLE AMBIENTAL:
Estabelecer e garantir procedimentos de rotina adequados para a limpeza e desinfecção das superfícies ambientais, camas, equipamentos de cabeceira e outras superfícies tocadas freqüentemente.
7. ROUPAS:
● Manipular, transportar e processar as roupas usadas, sujas de sangue, fluidos corpóreos, secreções e excreções de forma a prevenir a exposição da pele e mucosa, e a contaminação de roupas pessoais, evitando a transferência de microorganismos para outros pacientes e para o ambiente.
► SAÚDE OCUPACIONAL E PATÓGENOS VEICULADOS POR SANGUE:
* PREVENCAO DE ACIDENTES PERFURO-CORTANTES:
♦ Atenção com o uso, manipulação, limpeza e descarte de agulhas, bisturis e outros materiais pérfuro-cortantes. Não retirar agulhas usadas das seringas descartáveis, não
dobrá-las e não reencapá-las. O descarte desses materiais deve ser feito em caixas apropriadas e de paredes resistentes.
♦ Usar dispositivos bucais, conjunto de ressuscitação e outros dispositivos de ventilação quando houver necessidade de ressuscitação.
► LOCAL DE INTERNACAO DO PACIENTE:
A alocação do paciente é um componente importante da precaução de isolamento.
Quando possível, pacientes com microorganismos altamente transmissíveis e/ou epidemiologicamente importantes devem ser colocados em quartos privativos com banheiro e pia próprios.
* OBS: Quando um quarto privativo não estiver disponível, pacientes infectados devem ser alocados com companheiros de quarto infectados com o mesmo microorganismo e com possibilidade mínima de infecção.